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Fé em Santo Antônio e no autoconhecimento

13 de junho é Dia de Santo Antônio. E eu sempre fico pensando como as pessoas têm coragem de colocar um santo fofo daquele de ponta cabeça ou na geladeira no intuito de conseguir um amor. Sei que é só uma imagem, mas eu não conseguiria não. Tadinho… logo ele, tão acolhedor, segurando o menino Jesus no colo.

Além do que, acho meio “anti-ético” começar uma relação de parceria com um santo dessa forma. Dizer “fica aí até me arrumar um namorado(a)” está mais pra uma ameaça e chantagem do que para um pedido. É amor ou um escravo(a) que você quer? Pensa bem.

Não sou contra rezar pra ajudar na busca dos nossos objetivos. Muito pelo contrário, acredito piamente no poder da oração. Mas acho que as pessoas às vezes não querem ajuda, elas querem um milagre. E quando eu falo milagre, eu quero dizer receber magica e passivamente, sem ter que fazer nada por isso, entende?

Veja bem. Se a pessoa conscientemente quer muito estar num relacionamento e não encontra ou não se firma com ninguém, alguma coisa dentro dela está em desacordo. Tem um lado dela que quer e um outro que, com certeza, não está tão a fim assim! Ainda mais quando o assunto é relacionamento afetivo, que pode nos trazer muitos momentos bons, mas que também nos deixam super vulneráveis. Nos obriga a olhar pra questões que nem sempre estamos dispostos.

Consciente x inconsciente

Já somos maduros suficientes – ou deveríamos ser – pra compreender que apenas uns 10% das nossas ações são conscientes. Os outros 90% são comandadas por nosso inconsciente. E isso não sou eu que to inventando, é pura psicologia. Ou seja, se existe uma incoerência muito grande entre o que quero conscientemente e o que tá rolando de verdade na minha vida, tem alguma treta rolando ai dentro de você. Há material de estudo pra ser investigado!

O autoconhecimento, pra mim, é um trabalho que só começa quando existe um mínimo de humildade. Você procura por ele depois que duvida de si mesmo e entende que talvez não se conheça tão bem quanto achava. Antes disso, a gente fica puto com a vida, com o mundo e faz coisas tipo colocar Santo Antonio na geladeira.

Outra coisa que acho muito triste. Gente que fala “fulana tem DEDO PODRE, só arruma boy lixo” ou “fulano NÃO DÁ SORTE com mulher”. Não é o dedo que tá pobre, minha gente, é você que não está fazendo terapia ou não está buscando se conhecer! Simples assim. Também não acredito em falta de sorte. Garanto que se esse pessoal “azarado” compreender as mágoas que guarda do pai e da mãe e as dores que ficou da infância vão começar a encontrar pessoas melhores no caminho. Isso sim é um verdadeiro milagre. Mas tem que contar com a sua ajuda, entende? Não dá pra exigir que o santo faça tudo sozinho.

Me lembro bem quando, há uns anos atrás, durante um retiro de Leitura de Aura, cujo tema era relacionamento, nós meditamos para visualizar uma imagem que traduzisse como nós estávamos agindo (inconscientemente) nas nossas relações. E a imagem que veio pra mim me deixou muito perturbada. A cena era eu num lugar que parecia um campo de batalha da Idade Média. E eu era uma brava guerreira que levantava o escudo e a espada sempre que alguém se aproximava. Eu bufava de raiva e estava doida para cortar cabeças. Basicamente, a mensagem era que eu não me relacionava, mas sim, guerriava com as pessoas. Eu estava sempre super armada e me protegendo previamente de possíveis ataques de qualquer um que se aproximasse.

Fiquei muito mexida com a imagem e com essa constatação. Eu me achava tão fofa, simpática, acolhedora. Mas de fato, não entendia porque não só os homens, mas todas as pessoas parecia ficar meio distantes de mim. Sentia sempre que tinha contatos meio superficiais. E depois de ver isso, fui ligando os pontos e vendo como eu sempre me sentia “atacada” por algumas atitudes de pessoas próximas ou por comentários das pessoas que eu sempre encarava como críticas e me ofendia. Revidava ou me afastava. Era muito cansativo. Estar em guerra nos deixa sem energia.

Aos poucos fui entendendo melhor as razões disso e hoje sinto que estou muito melhor. Mas ainda é um super trabalho me manter relaxada e desarmada nos meus relacionamentos. Todos eles – com o marido principalmente, mas também com as amigas e até com minha família. Ainda ouço a voz dessa “guerreira” que me diz com frequência que “ele tá falando isso pra te atacar”. Ou “sua mãe tá te dando uma indireta, revide”. É complexo.

Fé + autoconhecimento = porta aberta para o “milagre”

Enfim, para finalizar, quando o assunto é relacionamento, o que recomendo é: reze, mas também, procure se conhecer. Busque terapias, com psicólogos, holísticas, em grupo, o que sentir que precisa. E se for rezar pra Santo Antônio, não faça chantagem. Seja coerente, proponha uma parceria.

Sugiro algo do tipo “Querido Santo Antônio”….

– Me ajude a comprender por que estou tão fechada para relacionamentos? Do que eu tenho medo? O que se enconde dentro de mim que não estou conseguindo ver? Me mostre.

– Me ajude a abrir meu coração! Me ajude a encontrar caminhos para a cura e para elaborar sentimentos que ainda não digeri.

– Me ajude a conhecer melhor a minha sexualidade e meus desejos. Por que só me interesso por quem não está a fim de mim?

E por aí vai…. seja honesto com você mesmo e peça de coração. E ajude esse santo tão querido a te ajudar.

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