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Meu lugar no mundo

A mulher chega no cinema apressada e aflita. A sala está cheia e ela tem medo de não encontrar um lugar pra sentar. Vai direto para a fileira do mercado de trabalho, mas todas as poltronas estão ocupadas. E ainda tem gente de pé, só esperando vagar um lugar pra conseguir sentar. Ela então se desespera. Revolta-se. Pagou caro e se esforçou muito para chegar até ali. Como pode ficar sem lugar agora? Ao ver a confusão, o lanterninha sabido se aproxima pra tentar ajudar. Ele ouve com amor e paciência os reclames da mulher aflita e diz:

– Não se preocupe. Tem lugar para todos aqui. Você só precisa ver o que está escrito no seu ingresso. Lá tem as indicações de onde é o seu lugar.

A mulher vasculha a bolsa cheia de coisas até achar o ingresso, mas quando tenta ler o que está escrito, não consegue. Está nervosa e enxerga tudo embaçado. A ansiedade e o medo deixam sua visão completamente turva.

E enquanto todos se aglomeram e lutam para conquistar um lugar nas poltronas genéricas, do outro lado da sala, numa ala mais reservada, dezenas de lugares estão vazios. É a fileira do propósito de vida, onde as poltronas são grandes, confortáveis, personalizadas. E estão desocupadas. E de lá é possível ver  uma cadeira especial, de veludo vermelho, que tem até o nome e sobrenome da mulher gravado na lateral. É exclusiva e feita sob medida, parece um trono.

– Como faço pra chegar até ali? – pergunta a mulher, ainda ansiosa, para o funcionário do cinema.

– Dedique-se a descobrir os talentos que trouxe impressos na alma quando ingressou nesse mundo. E  encontre o lugar que só você pode ocupar – disse o lanterninha.

Comments (1)

  • Texto maravilhoso. Adorei !!!!

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