O que é Leitura de Aura?
Antes de explicar como a leitura funciona, é fundamental saber o que é aura. Todo ser humano tem, além do corpo físico, um campo energético onde estão localizados dezenas de centros de energia, conhecidos como chakras, e onde ficam registradas informações sobre nossos estados físico, emocional, mental e espiritual. Aura é o nome dado a esse conjunto de energias.
A leitura de aura é uma poderosa ferramenta terapêutica em que, através da meditação, acessamos esse campo energético e visualizamos imagens e mensagens que podem trazer muita clareza sobre o momento que estamos vivendo. É uma forma privilegiada de abrir espaço para ouvir o que nosso espírito tem para nos dizer.
Aqui neste espaço falarei mais sobre a leitura de aura e sobre o que estou aprendendo com essa incrível ferramenta.
Veja abaixo série de micro-contos que escrevi inspirada em imagens visualizadas em leituras de aura.
*Para mais informações sobre a técnica, acesse o site da Escola de Leitura de Aura de Piracanga.
No teatro da escola, a professora de música se prepara para o início da aula sentada ao piano. Atrás dela, o coral de crianças aguarda ansiosamente. Um dos alunos cutuca empolgado a professora pelo ombro, quer cantar pra ela um princípio de música que lhe veio à cabeça. Mas ela não consegue dar atenção, está aflita tentando ler e entender o que está escrito na complexa partitura sugerida pela escola. O garoto insiste. E ela, irritada, desiste da pauta e olha pra ele, que canta:
– Do! Ré!
E a professora reproduz no piano as notas sugeridas
– Do! Ré!
Ao ouvir no instrumento o som que estava em sua cabeça, ele fica fascinado… e continua:
– Miiii.
A colega do lado, emenda:
– Fá!
E assim começa a aula de piano. E a professora entende que seu papel é muito mais simples do que exigem as escolas.
A mulher observa com atenção e deslumbramento a escadaria que leva a um pequeno e luminoso templo, local da morada sagrada, a casa de Deus. No caminho até lá, uma escadaria imensa… até parece infinita. E ela segue subindo, degrau por degrau. A caminhada, porém, está pesada. Ela olha pra baixo e vê seus pés totalmente enroscados em uma rede de pesca, que traz no entrelaçado dos fios um espelho, um quadro com um auto-retrato e quatro mulheres da família. Sua vaidade, a imagem que idealizou de si mesma e um peso que traz de sua ancestralidade.
Mas subir com tudo isso é difícil. A escadaria já é suficientemente longa e trabalhosa. Vale a pena fazer uma pausa, ver os emaranhados que anda arrastando e desapegar.
Na sala de aula, na frente de uma grande fileira de carteiras, a professora escreve na lousa e explica alguns conceitos aos alunos. Sentada na cadeira de madeira, a menina escuta atentamente e faz anotações. Mas a aula é massante, chata. A classe toda parece desinteressada.
Buscando algum conforto, ela olha pelo vidro da janela e observa os alunos que já estão brincando no pátio. A tão sonhada hora do recreio estava por vir! Ela olha pro relógio na parede, olha pra professora. Até que finalmente, bate o sinal e as crianças saem correndo em fuga…Do lado de fora, na grama, é a maior festa! Elas pulam corda, correm, jogam futebol, giram em roda. Como é bom poder brincar e fazer o que quiser.
Mas minutos depois, a professora chama os alunos de volta para sala, batendo palmas. A menina respira fundo, entra e volta a sentar na mesma carteira. A aluna continua e ela segura o queixo com as mãos pra tentar prestar mais atenção e não pegar no sono.
Foi assim durante toda a vida escolar.
Hoje, mulher adulta, ela chega cedo no escritório para trabalhar todos os dias. Sentada na cadeira, de frente para o computador, ela digita rápido e realiza suas tarefas com eficiência. Está cansada, mas o sentimento de obrigação e normalidade a fazem continuar. Depois de horas de trabalho, entediada, ela resolve dar um tempo e busca no computador opções de lazer para o fim de semana e destinos de viagens para as férias. Continua sempre a espera da hora do recreio.
A mulher chega no cinema apressada e aflita. A sala está cheia e ela tem medo de não encontrar um lugar pra sentar. Vai direto para a fileira do mercado de trabalho, mas todas as poltronas estão ocupadas. E ainda tem gente de pé, só esperando vagar um lugar pra conseguir sentar. Ela então se desespera. Revolta-se. Pagou caro e se esforçou muito para chegar até ali. Como pode ficar sem lugar agora? Ao ver a confusão, o lanterninha sabido se aproxima pra tentar ajudar. Ele ouve com amor e paciência os reclames da mulher aflita e diz:
– Não se preocupe. Tem lugar para todos aqui. Você só precisa ver o que está escrito no seu ingresso. Lá tem as indicações de onde é o seu lugar.
A mulher vasculha a bolsa cheia de coisas até achar o ingresso, mas quando tenta ler o que está escrito, não consegue. Está nervosa e enxerga tudo embaçado. A ansiedade e o medo deixam sua visão completamente turva.
E enquanto todos se aglomeram e lutam para conquistar um lugar nas poltronas genéricas, do outro lado da sala, numa ala mais reservada, dezenas de lugares estão vazios. É a fileira do propósito de vida, onde as poltronas são grandes, confortáveis, personalizadas. E estão desocupadas. E de lá é possível ver uma cadeira especial, de veludo vermelho, que tem até o nome e sobrenome da mulher gravado na lateral. É exclusiva e feita sob medida, parece um trono.
– Como faço pra chegar até ali? – pergunta a mulher, ainda ansiosa, para o funcionário do cinema.
– Dedique-se a descobrir os talentos que trouxe impressos na alma quando ingressou nesse mundo. E encontre o lugar que só você pode ocupar – disse o lanterninha.
A menina acompanha atenta a sua aula semanal de pintura. Na tela em branco, apoiada num cavalete de madeira, ela cria com pinceladas suaves cenas de natureza morta em tons claros de rosa, azul e amarelo. Uma pintura bonita, leve, correta. Ela mostra com orgulho o desenho feito com boa técnica para os colegas do curso e se despede.
De volta em casa, no quarto, de frente pra cama de casal vazia, a mulher tenta digerir a raiva depois de uma discussão conjugal. Mas não consegue. Dói muito. O sangue ferve e ela atira na parede com uma força visceral latas de tinta vermelha, branca e preta, que escorrem formando uma obra-prima viva. Fresca. Ela senta num tapete no chão, abraça os joelhos e se encolhe na sua dor. A porta do quarto está trancada. Do lado de fora, uma fila imensa de mulheres aguarda ansiosamente pela abertura da exposição.